quinta-feira, 26 de junho de 2008

Filosofia: René Descartes, regras para a direção do espírito

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ



Acadêmica: Cibele dos Santos de Oliveira.

Disciplina de Filosofia

Curso: Administração

R.A: 35116 - Turma 32, 2004.


Resumo: Descartes, René. Discurso do Método: regras para a direção do espírito. (páginas 27 a 46)


O autor, em decorrência da Guerra dos Trinta Anos, foi morar na Alemanha, onde passou a refletir e buscar métodos para alcançar o conhecimento da verdade das quais o espírito fosse capaz. Ele relata que a ciência dos livros não se aproximava tanto da verdade quanto os simples raciocínio que um homem de bom senso poderia fazer sobre as coisas que lhe apresentam. O propósito do autor foi apenas procurar reformar os seus próprios pensamentos e edificar sobre uma nova base, sem rejeitar completamente alguma das opiniões que puderam insinuar-se no passado sem que tivessem sido postas pela razão.

Durante sua juventude, Descartes estudou lógica, álgebra e geometria, verificando que a lógica servia apenas para explicar coisas que já se sabiam do que para aprender novas coisas, embora ela encerre muitos preceitos verdadeiros e bons, possui contudo, outras coisas nocivas ou supérfluas, muito difíceis de se separarem. Por essa causa, pensou em procurar um outro método que compreendendo as vantagens desses três, fosse isento de seus defeitos, no lugar de inúmeros preceitos que compõe a lógica, bastariam apenas quatro fatores seguintes:

O primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira nenhuma coisa que eu não conhecesse evidentemente como tal, só incluindo nos meus juízos, o que se apresentasse de modo tão claro e distinto do espírito que não tivesse ocasião para duvidar. O segundo, em dividir uma das dificuldades que devesse examinar em tantas partes quanto possível e necessário para resolvê-las. O terceiro, em conduzir por ordem os meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples aos mais compostos. E o quarto, enumerar e revisar para se ter a certeza de não omitir nada. Sendo esses princípios deu total facilidade para Descartes para resolver todas as questões das ciências.

Para ficar irresoluto nas ações, enquanto a razão lhe obrigasse a ser, e para não deixar de viver feliz, o autor formou uma moral provisória, consistindo em três máximas: a primeira era obedecer as leis e costumes, observando sempre a religião, orientando-se pelas opiniões mais moderadas que se afastam do excesso acolhidas pelos mais sensatos, pois todo excesso é mau. A segunda consistia em ser firme e resoluto nas ações e em seguir as opiniões mais duvidosas, com constância, não menor do que se fossem muito seguras, pois quando não está em nosso poder discernir as opiniões mais verdadeiras devemos seguir as mais prováveis. A terceira era procurar modificar antes seus desejos do que a ordem do mundo, pois não há nada que esteja inteiramente em nosso poder como os nossos pensamentos, tudo o mais que não conseguimos nos sair bem é impossível.

O autor passou uma revista das diversas ocupações que os homens exercem nesta vida para escolher a melhor. E sem pretender dizer nada sobre os outros, empregou toda a sua vida em cultivar a sua razão e em se adiantar tanto quanto possível no conhecimento da verdade, segundo os métodos que prescrevera. Depois de se assegurar sobre essas máximas, em todos os nove anos seguintes, Descartes não fez outra coisa senão percorrer o mundo, procurando ser espectador das situações, se livrando de todos os erros que lhe havia insinuado. E assim, ao destruir todas as suas opiniões mal fundadas, fazia diversas observações e adquiria muitas experiências que mais tarde lhe serviram para estabelecer outras mais certas.

Das suas primeiras meditações rejeitou tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida ou que tomou por demonstrações, com o objetivo de verificar se restaria alguma coisa em sua crença que fosse indubitável. Percebeu dessa forma que, a verdade “penso, logo existo”, era firme e certa, que a aceitou como o primeiro princípio da filosofia. Compreendeu que ele era uma substância cuja essência ou natureza constituía no pensar e que para ser, não precisa de nenhum lugar ou material. Tomou como regra geral, o fato de que as coisas que concebemos muito claras são verdadeiras, tendo a dificuldade de discernir o que concebemos distintamente. O autor também refletiu sobre o que duvidara e percebeu que não era todo perfeito, procurou pensar em algo mais perfeito do que si mesmo e assegurou que Deus não apresentava imperfeição, porém, todas as outras coisas existiam.

Descartes conclui que se não soubermos que tudo que em nós existe de real e verdadeiro provém de Deus, nenhuma razão teríamos para acreditar que as outras coisas tenham a perfeição de ser verdadeiras. Por fim, todas as nossas idéias devem ter fundamento de verdade, pois se não Deus que é perfeito e verdadeiro, não teria posto em nós.

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